sexta-feira, 24 de junho de 2011

A originalidade Romana

Todo desenvolvimento espiritual de Roma está distanciado pelo menos dois séculos do desenvolvimento do espírito grego. Sua evolução foi de tal forma paralela, porém mais tardia, mais lenta e talvez menos radical.
Essa oposição entre romanos e gregos baseia-se, antes de tudo no contraste entre dois estágios de desenvolvimento anacronicamente aproximados: o que se chama tão naturalmente como virtude “romana” não é senão a moral da cidade antiga.
De um parte, a originalidade romana frente a grega é imbuída de um arcaísmo remanescente.  Roma jamais se libertará completamente do ideal coletivo que consagra o individuo ao Estado. Enquanto a Grécia se deleita no velho ideário da Paidéia.
Quanto à educação, assim como o desenvolvimento espiritual, Roma elabora-se de maneira independente, a margem do mundo grego. A educação latina permanece bastante diferente da educação grega clássica, sobre o qual se modelará estreitamente.

Roma: um povo de camponeses


Diferentemente da Grécia, onde existia uma educação heróica (cavalheiresca) em Roma permanecia uma educação de camponeses. Pelos fins do século VI a.C, encontra-se uma Roma dominada por uma aristocracia de campesinos e de proprietários rurais explorando diretamente suas terras: uma classe social muito diversa, pois, da nobreza guerreira da epopéia homérica.
Por toda a parte, em Roma, permanece esse caráter dominante do campo. Um exemplo disso é como os romanos escolhiam os nomes de seus filhos:  um sistema de tria nomina, que refletia o espírito camponês, e simples, do romano: prenomes sem imaginação, Primus, Quintus, Decimus, Lucius, Manius, Marcus e sobrenomes realistas,m lembrando da vida dos campos: Pilumnus (pilão de trigo), Fabius, Lentulus, Cícero  (tirado do nome da fava, da lentilha e do grão-de-bico).
Assim então, todo o Latim que nos apresenta como uma língua de camponês: quantas palavras, no sentido mais tarde alagrado, eram em sua origem termos técnicos da agricultura.

Uma Educação de Camponeses


Assim se explicam as características bem originais da mais antiga educação romana: era uma educação de camponeses (adaptada, é claro, a uma aristocracia). Para compreendê-la, basta observar o que é, ainda hoje, na sua essência, a formação dos pequenos camponeses. A educação para eles, é antes de tudo a iniciação progressiva em um modo de vida tradicional. Desde que toma consciência , e já por seus brinquedos, a criança esforça-se para imitar os gestos, o comportamento, os trabalhos dos mais velhos. À medida que cresce, introduz-se, faz-se admitir, silenciosa e reservada, no circulo dos grandes. Escuta os velhos falarem – sobre a chuva e o bom tempo, sobre os trabalhos e os dias, sobre os homens e os animais, - e inicia-se deste modo em toda uma sabedoria. Pouco a pouco, associa-se ao trabalho dos campos, acompanha o pastor ou o lavrador, tenta preencher seu papel e considera uma honra o fato de a julgarem digna dele.

O Costume dos Ancestres



O respeito ao costume ancestral era fundamental à nação romana. Revelá-lo à juventude, fazê-la respeitá-lo como ideal incontroverso, norma de toda a ação e de todo pensamento é a tarefa essencial do educador.
Em Roma a posição de tradição sempre foi muito forte, chegando a um nível de veneração. A força de Roma repousa sobre os velhos costumes tanto quanto na força de seus filhos. 


Educação Familial, a base da educação Romana



O instrumento da formação romana é a família. A família romana investia soberana autoridade a partefamilias, o respeito que a mãe é objeto: em nenhuma parte o papel desta célula social aparece tão manifestamente quanto na educação. Aos olhos dos romanos, a família é o meio natural em que deve crescer e forma-se a criança. 
Em Roma, diferentemente da Grécia, não é um escravos mas a própria mãe que inicia a educação de seus filhos. Mesmo nas maiores famílias ela se honra em permanecer em casa para cumprir seu dever, fazendo-se criada de seus filhos.  A influência da mãe marcava toda a vida do homem romano.
Quando a mãe não podia desempenhar sua função, escolhia para governante de seus filhos alguma outra venerável parenta de idade madura que soubesse criar em torno de sua educação, inclusive nos brinquedos, uma atmosfera de teor moral e de severidade.
A partir dos sete anos, a criança, como na Grécia, escapava à direção exclusiva das mulheres, mas em Roma era para passar sob a do pai; nada é mais característico da pedagogia romana: o pai é considerado como o verdadeiro educador; mais tarde quando haverá mestres, a função deles será sempre considerada como mais ou menos assimilável à influencia paterna.
Enquanto as moças permaneciam em casa aprendendo trabalhos domésticos, os filhos homens acompanhavam o pai, seguindo-o até o interior da cúria, onde eles assistem até mesmo às sessões secretas do senado. Iniciam-se ao seu lado em todos os aspectos da vida que os espera, instruindo-se pelos seus preceitos e mais ainda pelo seu exemplo. O paterfamilias romano dedicava-se a compor essa fase da vida educativa dos homens.
Neste tipo de educação, o pai era responsável por moldar seu filho de acordo com suas tradições e vontades, o levando a desenvolver suas virtudes.

O Aprendizado da vida Pública, o fim da Educação Familiar


Por volta dos dezesseis anos, a educação familiar terminava. Uma cerimônia solenizava esta fase: o adolescente abandonava sua toga bordada de púrpura e as outras insígnias da infância para vestir a toga viril.  Incluía-se então na vida adulta entre os cidadãos. 

Sua formação, entretanto, não estava concluída: antes de iniciar seu serviço militar, consagrava normalmente um ano ao “aprendizado da vida pública”. Salvo raríssimas exceções, já não era mais o pai quem se encarregava disto, mas um velho amigo da família, algum homem da política, sobre quem pesassem os anos, experiência e as honras.
Ao fim deste ano, onde o jovem se enriquecia com assuntos de Direito, o jovem romano parte para o exercito; mas a aprendizagem política é muito grande para prender-se em apenas um ano. O jovem continua então seguir os passos de um político experiente, seu pai, ou no mais das vezes, um grande patrono.
Da mesma forma, nos anos iniciais os jovens serviam nas fileiras, auxiliados por padrinhos que eram encarregados de dirigi-los e protegê-los. Aqui mais uma vez, se percebe a importância de um educador na vida do jovem romano.